Paciente passou quase três meses deitada durante a internação devido a uma abertura do colo do útero que poderia resultar no parto prematuro do bebê.

Era uma consulta de rotina no dia 14 de fevereiro, a ultrassonografia morfológica de 2º trimestre, quando Paola (o sobrenome não será divulgado prezando orientações de sigilo médico/paciente) descobriu que já estava em trabalho de parto prematuro, na 20ª semana gestacional. Diagnosticada com Incompetência Istmo Cervical — uma abertura indolor do colo do útero e que pode resultar no parto do bebê —, ela precisou ser internada às pressas no Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) para procedimentos de emergência, e precisou ficar 89 dias internada em repouso. 15 semanas depois da internação, seu primeiro filho nasceu bem e sem necessidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.

“Logo depois do exame, nós já realizamos a tentativa de introdução de pessário, uma estrutura de silicone semelhante a um anel vaginal e que segura os órgãos pélvicos, mas não foi possível”, contou a Médica Ginecologista e Obstetra Dra Carolina Oderich (CRM-PR 32988 RQE 17901), que continuou: “então decidimos internar a paciente no HMCC para um novo procedimento. Desta vez, optamos pela cerclagem, que praticamente costura o colo do útero. Uma manobra um tanto arriscada, mas com a compreensão e a confiança da paciente, sendo essa a única alternativa para o seu caso, que no final deu tudo certo.”

Após o procedimento, iniciava um processo delicado e incerto de repouso e cuidado. Paola foi encaminhada para o quarto, sem saber quando deveria receber alta. No início, ela até pôde sentar na cama e ir ao banheiro, em cadeira de rodas. Porém, logo foi identificado a diminuição do colo, o que levou a deixá-la em repouso absoluto, deitada e com as pernas elevadas.

“No início foi assustador. Tive que abrir mão da minha rotina, meu marido remanejou o horário de trabalho, tivemos medo, incertezas, mas tentamos”, falou Paola. Segundo Dra Carolina, as tentativas poderiam dar certo ou não. “Precisávamos postergar o parto, pensando no melhor para o bebê, fomos aos poucos. Era 50% de chance”, disse a médica.

No período em que esteve internada, Paola recebeu todo cuidado humanizado que o HMCC entrega aos seus pacientes. A equipe de enfermagem, diferente a cada turno, ofereceu todo carinho e atenção que ela precisava, e uma cesta de produtos, já que ela não conseguiu realizar o chá de bebê. No caminho, outras pessoas cruzaram com Paola, como a equipe de nutrição, que entregou um cardápio diferenciado para quebrar a rotina de alimentação, e a de limpeza, que diariamente deixavam o quarto arrumado e a paciente feliz com piadas e histórias que contavam.

“Não tem como esquecer dessas pessoas. Nos apoiaram dia após dia, a cada intercorrência ofereciam consolo e cuidado, tornaram-se da família”, lembrou Paola.

Também durante a internação, a paciente passou por três ciclos de corticoide, para aumentar as chances de sobrevivência do bebê. A felicidade veio na 33ª semana de gestação, quase 90 dias após dar entrada no hospital, onde Paola ganhou alta e pôde ir para casa aguardar o fim da gestação. “E aí nós iniciamos um processo de reabilitação. Por passar tanto tempo deitada, sem se movimentar, a musculatura estava frágil, foram dias de fisioterapia para ela ir bem para casa”, explicou Dra Carolina.

Nascimento de herói
E na 35ª semana de gestação, o grande dia chegou! Era 1º de junho quando o pequeno Miguel nasceu, com cerca de 2.700 kg e de cesariana, sem necessidade de internação na UTI Neonatal. Um verdadeiro herói em meio a uma gestação de intenso cuidado e atenção.

“Foi um misto de sentimentos neste momento. Não sabíamos como ele iria nascer, se iria precisar ficar internado, mas confiei e relaxei quando escutei o chorinho dele. Sabia que estava bem e que aquele que gerei e lutei para chegar até aqui, nasceu bem”, contou Paola. “Poder trazer a vida desse bebê que acompanhei e cuidei dele e da mamãe, e passamos por tudo isso, não tem palavras”, comentou Dra Carolina.

“Foi uma vitória. Uma história de superação pessoal da mãe, resiliência da família e realização de uma equipe apaixonada pela obstetrícia”, disse Dra Danielle Freitas (CRM-PR 43936), coordenadora médica do Centro de Atendimento a Gestantes do HMCC.

“Dar valor ao ser humano e salvar vidas fazem parte da nobre Missão do HMCC. Ver toda dedicação, amor e carinho que a Dra Carolina e as nossas equipes fizeram por essa família, demonstra que o nosso objetivo, nesse contexto, foi plenamente atingido. Sem sombra de dúvida, um relato como esse, nos inspira a cada dia que chegamos para trabalhar em nosso hospital”, finalizou o diretor técnico do Costa, Dr. Rodrigo Romanini (CRM-PR 30776).