Tabu em relação a doença afasta a possibilidade de detecção precoce, que poderia mudar o curso do tratamento.

Uma doença silenciosa e perigosa. Este é o câncer de próstata, que em 2024 deve atingir 71 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na boa parte dos diagnósticos, o câncer pode ser tratado, mas é preciso prevenção. Segundo uma a psicóloga do Centro de Oncologia do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), a masculinidade e a sexualidade ainda são as maiores preocupações dos homens quando se fala da doença. O Novembro Azul alerta para a conscientização sobre o tema.

“Há ainda um tabu muito grande entre os homens, então vemos vários casos de pacientes que relatam esses medos, primeiro, dessa imagem social masculina, de que o exame do toque seja algo ruim, e depois de perder o apetite sexual, ficar impotente durante o tratamento”, explicou Alexamara Rodrigues, que atua na área de psicologia da oncologia do HMCC. “Mas é preciso deixar isso de lado. A vida é o mais importante e precisamos buscar nos cuidar”, completou.

O câncer de próstata é um tumor que afeta a glândula prostática, localizada entre a bexiga e o pênis, e é o segundo tipo de câncer mais comum em homens, principalmente a partir dos 45 anos. Na maioria dos casos, cresce lentamente e não apresenta sinais, por isso a necessidade de realizar exames preventivos.

Diagnosticado em 2021 com a doença, Alcides, de 54 anos, comenta que sempre fez exames, mas foi em um intervalo maior entre um e outro teste de PSA (um dos exames utilizados para o diagnóstico), devido a pandemia, que o tumor apareceu. “Em uma viagem tive muitos episódios de ir ao banheiro e isso me preocupou. Busquei atendimento médico e logo tive a resposta. Tentamos fazer a cirurgia, mas o médico optou por seguir um tratamento contínuo, já que estava bem avançado”, contou. A descoberta tardia é o alerta que ele faz hoje a outros homens: “Agradeço por estar vivo e é isso que outras pessoas têm que buscar. Questão sexual a gente muda, encontra outras coisas, procura remédio, mas se tirar a vida, ficamos sem nada”, falou.

Ainda segundo Alexamara, outros fatores, como o impacto emocional e as consequências na família também são assuntos comentados pelos pacientes. “O medo e a insegurança daquele homem que é o provedor da família, que às vezes é o único em que trabalha em casa, tudo isso afeta. Então, aqui, por exemplo, atuamos no sentido de trazer o olhar para a doença, que é preciso tratar e não deixar perder a esperança”, destacou. “A vida segue apesar do diagnóstico”, finalizou a psicóloga.

Oncologia
O Hospital Costa Cavalcanti é referência para atendimento de pacientes oncológicos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) – 9ª regional, além de particulares e convênios. Atualmente, 252 pacientes estão em tratamento da doença na instituição, sendo que 82 destes iniciaram em 2024.